
“Ao Toque Delas” apresenta obras de artistas visuais maringaenses de uma forma nunca antes experimentada: pelo toque, pela escuta, pela presença. As obras transitam pelas múltiplas vivências do feminino e, mais que isso, abrem caminhos para um encontro verdadeiramente acessível com a arte.
Pela primeira vez em Maringá, uma exposição de artes visuais é composta por obras táteis acompanhadas de audiodescrição. Essa experiência pioneira convida pessoas cegas, com baixa visão e videntes a enxergar com outros sentidos, a partir do olhar criativo das artistas Elisa Riemer, Izabela Bombo, Jaqueline Nascimento, Kênia Bergo, em diálogo com as aplicações sensoriais das tradutoras táteis Carla Guizelini e Rafaely Parma.
Cada obra foi transformada em um novo percurso sensível: ganhou uma prancha tátil e uma audiodescrição. Chamamos esse conjunto de guia tátil – Um guia que mostra a direção e abre caminhos, nesse caso um caminho até a experiência artística, que é única para cada pessoa.
Acreditamos que o direito à arte é também um direito humano. Por isso, aqui a acessibilidade é pensada como linguagem estética. As profissionais que criaram os recursos acessíveis atuam como artistas cocriadoras, ampliando a potência das obras e sua capacidade de tocar a todos.
Carla Guizelini e Rafaely Parma são artistas plásticas da Cia Forféu, grupo dedicado ao teatro e à acessibilidade cultural, e integram a Associação Arena das Artes, proponente desta exposição.
*Arte Delas*
*Criação Tátil*
Processo
O projeto nasceu da experiência da Cia Forféu com ações de acessibilidade em ações artísticas.
Nos últimos três anos uma das ações que vem se ampliando é a audiodescrição para exposições de arte.
Observando iniciativas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, percebemos como as traduções táteis ampliam a experiência artística de pessoas cegas, criando novas formas de fruição em museus e galerias. A partir dessa inspiração, propusemo-nos a desenvolver, em Maringá, nossa primeira experiência com esse recurso.
A primeira etapa foi a seleção das obras. O tema de vivências do feminino surgiu de conversas que reuniram questões que consideramos importantes discutir.
A curadoria contemplou artistas de Maringá que já exploram esse tema em suas criações. Com artistas e obras definidas, uma equipe — formada por Carla Guizelini, Rafaely Parma e Renan Parma — viajou a São Paulo para conhecer exposições acessíveis. Analisamos diferentes tipos de traduções táteis, materiais e abordagens de audiodescrição para definir o processo mais adequado às obras escolhidas.
Em seguida, iniciou-se a escolha e o teste de materiais, com a criação de guias táteis experimentais. Essa fase foi fundamental para ajustar formas, texturas e composições.
Na etapa final, confeccionamos as peças, um processo que levou, do início da pesquisa até a conclusão, cerca de oito meses.
Os guias táteis foram produzidos com cerâmica fria, bases de madeira, aplicações em relevo, metal, texturização com tecidos e tintas, além de elementos como grama sintética, cabelos, algodão e verniz. Cada peça foi pensada para traduzir tatilmente as obras originais, proporcionando ao público cego uma experiência artística mais completa e sensorial.
